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   A Guerra da Lagosta
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A Guerra da Lagosta

Faz já, muitos anos - algumas décadas -, aconteceu entre o Brasil e a França aquilo que jornalistas jocosos chamaram de "a guerra da lagosta". Barcos franceses piratas, ou seja, descredenciados a operar em águas soberanas do Brasil, estariam a pescar lagostas e outras espécies marinhas, para comerciá-las na Europa a seu bel prazer. Agora, a França do Presidente Chirac se embrenha em nova desventura brasileira, da qual saiu comprometida a diplomacia hoje chefiada pelo Ministro das Relações Exteriores Dominique de Villepin.
Trata-se da tentativa de resgate da ex-senadora colombiana Ingrid Bettancourt, que também ostenta a nacionalidade francesa, em pleno território nacional, para tirá-la das mãos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, mediante uma ação com características militares, pois, desceu em Manaus sem autorização brasileira um avião militar francês apetrechado para missões desse tipo, isto é, missões secretas.
A intromissão em nosso espaço aéreo perde relevância diante da gravidade de que se revestiu a ensandecida iniciativa de resgate da ex-senadora por uma força-tarefa militar que, surpreendida em flagrante delito, impediu a inspecção da aeronave pousada em solo brasileiro, sob a alegação de imunidade diplomática. Ouvidos os tripulantes em Manaus pela Polícia Federal, quiseram descaracterizar o desrespeito à soberania brasileira com a alegação capciosa de que se tratava de missão humanitária do Governo sediado em Paris.
A mentira, como se sabe, tem pernas curtas e, diferentemente da verdade, precisa ser inventada. Logo a inteligência brasileira na área colheu indícios e provas do atentado à soberania nacional, comunicou a grave ocorrência ao Ministério das Relações Exteriores, para as medidas próprias do estilo diplomático.
Arranjos secretos de um país em relação a outro sempre existiram, e não vão deixar de seguir acontecendo, em que pese o fracasso que por vezes experimentam missões desse jaez. Países de tradição colonial, em particular, cultivam o hábito de imaginar que sociedades maisnovas são como que incapazes de perceber a prática de ações furtivas como a ação francesa de poucos dias atrás e que vimos de sumariar. Nisto de diplomacia pós-colonial, há muito desse engano fatal.
Por suas dimensões continentais e graças à rarefação populacional do Brasil em algumas de suas regiões, a exemplo da Amazônia, existe quem pense, no Exterior, ser o Brasil presa fácil para todo tipo de espoliação. Ainda que tenhamos assistido a muitas resistências, quando da implantação do sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), o caso francês do resgate frustrado da ex-senadora colombiana mostra quão estava certo o Governo brasileiro em gastar os seus trocados na qualificação da necessária supervisão daquela imensa área verde do território nacional.
Em suma - e indo ao ponto -, a chancelaria francesa, ante o protesto das autoridades diplomáticas do Brasil, rendeu-se à evidência dos fatos e, diferentemente do que aconteceu na "guerra da lagosta", de perdida memória, pediu desculpas de tudo ao Governo destepaís. O próprio chanceler francês, Dominique de Villepin, se disse arrependido de não haver avisado, com antecipação, o nosso Governo do esquisito tentame.
Do episódio ficou clara uma coisa: o Brasil não é uma terra de ninguém sobre que se possa tripudiar sem resposta veemente e pronta. Livro NOVO.