"O Delfim navega bem, com esse vento que sopra pela popa (...) o oráculo predisse que sofreríamos naufrágio (...) por causa deste imbecil, esvaneceu-se a boa impressão que me haviam dado o vento sironiano, e não faço senão lembrar dos maus presságios dos dias precedentes (...)".
Este é um exemplo da narrativa criada pelo arqueólogo submarino Ferdinand Lallemand, membro do Serviço Francês de Pesquisas Submarinas, criado pelo comandante Cousteau e professor do Instituto Internacional de Genebra.
Em 1953, a descoberta de um naufrágio de embarcação de carga grega - mirânforas - a 10 milhas de Marselha, na costa da França, onde se identificaram restos de ânforas, referências documentadas e inscrições antigas, permitiu ao historiador reconstituir a viagem de um poderoso homem de negócios e navegador da época, Maarkos Sestios, um dos artífices da anexação da Grécia por Roma.
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Busto e marca pessoal de Maarkos Sestios |
Ferdinand relata, dia a dia, o que poderia ter sido a viagem do armador grego, suas expectativas, presságios e temores, aventuras em cada porto da antigüidade e um panorama do cenário político do império romano, precedendo sua fase mais áurea.
O livro inclui comentários sobre terminologia técnica de época, bibliografia, ilustrações de peças encontradas no naufrágio, fotografias de ânforas, uma maquete do Delfim - embarcação do navegador - e reproduções de cartas do autor autorizando a publicação da versão brasileira.
Gilberto Chaudon, tradutor desta versão, historiador e arqueólogo amador, realizou este trabalho a 45 anos, e recentemente conseguiu autorização para sua publicação. O resultado é um belo volume, bem encadernado e com um conteúdo que faz bonito na prateleira de entusiastas dentro e fora do Brasil.